segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

O paciente, o médico e o saxofone

Jéferson Luiz Manzarotto tem 21 anos, toca saxofone, estuda Licenciatura em Música na Faculdade Nazarena do Brasil e é estagiário na Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas. E não é por obra do acaso.

Problemas de saúde na infância

Aos cinco anos de idade, Jéferson reclamava de dores no estômago. Fez vários exames e nenhum deles apontou problema algum. Foi assim por seis anos. Perto de completar 12, Manzarotto foi encaminhado ao cirurgião pediatra Dr. Carlos Sanches para realizar uma endoscopia, procedimento delicado para uma criança.

Após os exames foi diagnosticado o problema. Uma bactéria chamada Helicobacter pylori, uma espécie que infecta a mucosa do estômago humano causando úlceras pépticas, alguns tipos de gastrite e cancro na região estomacal.
“O exame também constatou uma gastrite nervosa. O problema também era emocional, eu era uma criança quieta, não brincava com ninguém, tinha complexo de inferioridade” conta Jéferson.

A consulta

“Após o resultado dos exames, o doutor queria conversar mais comigo, tirar algumas informações que ajudassem a descobrir os motivos dessa gastrite, e foi em uma das consultas que ele me perguntou o que eu queria ser quando crescesse” diz.
"Quero ser músico e tocar saxofone”, respondeu Jéferson. A resposta surpreendeu a própria mãe. Cláudia Eliza Vicente, 37, vem de uma família onde todos são músicos. “Eu não imaginava, o Jé [sic] era uma criança muito tímida e nunca havia falado sobre isso abertamente, foi uma surpresa”, lembra Cláudia.  

Coincidência ou não, o médico que tratava de Jéferson tinha o mesmo sonho e cinco anos antes havia comprado um saxofone que nunca aprendeu a tocar devido à correria da profissão. “Ele me prometeu mostrar o sax na próxima consulta. No dia, já quase na hora de ir embora ele tirou o sax de um armário e me perguntou se era esse o instrumento do meu sonho”, conta.
Jeferson ganhou o sax de presente. “Ele colocou o case em cima da maca, abriu, era um sax tenor e disse que eu poderia levar, que ele estava me dando de presente”, diz emocionado.

Aos 14 anos Jéferson entrou para uma orquestra de jovens em Araras, cidade onde mora. O trabalho social era conduzido pelo maestro Ednélson Silva. Foi lá que Jéferson aprendeu a tocar sax e permaneceu por três anos até sair para fazer aulas particulares.

“Apesar do tratamento contra a bactéria, música foi o remédio mais completo e perfeito pra minha cura, tanto pro estômago, quanto emocional. Hoje eu agradeço a todos os que me ajudaram, principalmente minha mãe e meu padrasto que admiro e tenho como a um pai pra mim”, finalizou.


sexta-feira, 28 de novembro de 2014

A música que provoca sorrisos e esperança

O SOS - Sorria ou Sorria reúne colaboradores, vestidos de palhaços (ou palhaços que são doutores?) que buscam levar alegria à pacientes hospitalizados, por meio da música, entre outras coisas. O Era Sol o que me Faltava conversou com Fernanda Rosolem, ou a Dra. Figarofá, uma das integrantes do grupo. Confira:



Coral Zíper na Boca, há 29 anos transformando pessoas

Renan de Almeida, 22, aluno do curso de química da Unicamp, envolvido com música desde os 14 anos de idade, quando começou suas aulas de violão e guitarra, conta que esse segmento sempre foi parte ativa de sua vida, chegando até a montar bandas de garagem com seus amigos do colegial.
Ao ingressar na universidade, Renan precisou focar nas atividades acadêmicas, então, a música passou a ser objeto secundário em sua rotina criando um certo distanciamento. Com o tempo, o estudante notou que não se sentia bem com essa situação, “essa distância estava me fazendo mal, a música sempre foi personagem ativa em minha vida, estava sentindo muita falta, chegava a sentir um vazio, como se faltasse algo em mim”. Foi então que Renan decidiu entrar para o Coral da Unicamp, “Quando entrei para o Coral Zíper na Boca, foi um reencontro. Me reencontrei com a música e me reencontrei comigo mesmo”.

Renan descreve a música como parte essencial da sua vida, e diz que a música aliada ao Coral Zíper na Boca o ensinou muito, “A música me ensinou muitas coisas dentre elas, a questão de amar, amar a qualquer um e a todos. E também a questão de respeitar as diferenças. A música ensina isso e o canto coral principalmente, pois somos várias vozes que precisam soar como uma, cada voz com a sua personalidade e peculiaridades”, afirma Renan que finaliza dizendo que a música é o que dá sentido para a sua existência e que acredita que todos os dias em algum lugar tem vidas sendo mudadas pela música, “Ela me ensina a amar ao próximo e amar a si mesmo. A música tem o poder de mudar a vida das pessoas e eu sei que é isso que ela faz todos os dias em algum lugar alguém tem a vida sendo mudada pela música”.

Daniel Arturo Aguilar Erazo, 26 anos, é um Colombiano residente no Brasil, bolsista no Grupo de Ultrassom no Instituto de Pesquisas Eldorado vinculado a Unicamp, e também coralista do Zíper na Boca, considera a música uma das coisas mais importantes em sua vida. Daniel conta que por morar em outro país e estar longe de sua família e amigos, muitas vezes a saudade “aperta muito” e é difícil continuar, mas ele se manter firme por estar fazendo algo que gosta. “A música é o que me ajuda, o que me dá forças para continuar e fazer as coisas cotidianas, além de ser uma coisa que eu gosto muito”, diz Daniel, que ainda comenta sobre sua participação no coral Zíper na Boca, “O coral deu a oportunidade de aprimorar capacidade de me expressar. Estar no coral e poder transmitir a minha alegria para que outras pessoas fiquem felizes, é algo maravilhoso!”.

Daniel Erazo finaliza falando sobre a importância da música na vida das pessoas, “A música faz parte de muitas coisas na vida, todas as pessoas ouvem música em qualquer momento do dia seja para expressar algum estado de animo, ou se animar ou mesmo para passar o tempo. E acredito que pessoas devem dar animo a outras pessoas e a música consegue fazer isso. Com o Zíper na Boca eu posso realizar isso, além de estar sempre feliz”.

Coral Zíper na Boca, desde 1985 reúne alunos, professores e a
 comunidade (Foto Divulgação)
Gabriela Rocha, 20, estudantes de Ciência Econômicas, também integrante do coral da Unicamp, Zíper na Boca, conta que o canto coral faz parte da sua vida desde os 8 anos de idade, o  coro foi uma das formas mais intensas fazê-la entender que sozinha pode “não ser nada”, mas que a união resulta em força e capacidade, “Com o coral aprendi a respeitar todos com em seus talentos e suas dificuldades, entendendo que cada um tem sua característica única que, se bem direcionada, é capaz de criar junto às outras vozes um grande som. Ou seja: todos são importantes, todos são capazes de mudar o resultado final, todos são fundamentais dentro de um grupo”.

Gabriela afirma perceber a cada dia a capacidade de sublimação, de amenização da dor, do contato com o transcendente, da mais profunda alegria, da maior euforia e grande facilidade de amar que a música proporciona a quem está conectado a ela, “A música tem a grande e ímpar capacidade de multiplicar nossos bons sentimentos”.

Gabriela finaliza respondendo o que a música mudou em sua vida, “A música me ensinou a amar, a valorizar os momentos da vida, a respeitar cada um na sua maneira de ser. E isso é a grande receita da felicidade! Sei que tenho ainda um longo caminho a percorrer, mas com certeza, independentemente do quanto demorar, estarei bem acompanhada!”.

O Coral Zíper na Boca

O Coral Unicamp Zíper na Boca é constituído por alunos de graduação e pós-graduação, funcionários e docentes das diversas áreas da Universidade Estadual de Campinas, possui também integrantes da comunidade que desejam participar do coral e está vinculado ao CIDDIC - Núcleo de Integração, Documentação e Difusão Cultural.

Formado em setembro de 1985, com a proposta de reiniciar as atividades do então extinto Coral Unicamp. Sempre sob a regência da maestrina Dra. Vivian Nogueira, o grupo mantém um repertório diversificado e uma extensa agenda de apresentações. Desde 1993 participa ativamente de festivais de coros, tendo se apresentado em importantes eventos do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Goiás e Mato Grosso.




quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Projeto Semear

A música foi, é, e sempre será uma grande inspiração pra muita gente. Com Carlos Merce, não é diferente! Seu envolvimento com a música começou aos 15 anos, dentro de uma igreja evangélica, local em que tocava nos dias de cultos.

Sendo influenciado por músicos profissionais e acreditando no dom que Deus tinha lhe dado, Merce começou a se dedicar e aprimorar seu talento. Com o passar do tempo foram surgindo ótimas oportunidades em sua vida, como tocar em aberturas de shows de grandes ícones da música gospel. Apesar dessas oportunidades, Merce enfrentou muitas barreiras para se tornar músico, inclusive a falta de apoio de seus familiares.

Hoje aos 33 anos, Merce criou o projeto Semear, na igreja em que frequenta.  Segundo o músico, o projeto foi criado pela vontade de compartilhar o dom que Deus lhe entregou, e principalmente pela dificuldade de se formar músicos devido à falta de condições ou acesso aos instrumentos.

O Projeto Semear conta com cinco alunos que aprendem prática e teoria. As aulas são gratuitas e ministradas aos sábados, das 9 às 11h da manhã. Embora ela seja concedida dentro da igreja, o projeto é aberto a toda comunidade.O aluno Victor Gabriel contou a importância da aula para ele: “Eu sempre fui ligado à música, mas nunca tive interesse em aprender, pois acha que não levava jeito para tocar um instrumento. Quando eu vi que teria esse projeto na igreja, resolvi participar, desde então, não perco uma aula e percebi que a gente não precisa levar jeito e sim ter força de vontade. A música é muito importante nas nossas vidas e fico feliz em agora, saber tocar um instrumento.”

Já para o professor, é muito gratificante poder ensinar para as pessoas aquilo que ele sabe. “Música é cultura, independente de estilos musicais, a música ela mexe com o estado de espírito do ser humano, ela relaxa, motiva e conforta.” Explica.
Este é o primeiro ano do Projeto Semear e para Merce, o resultado tem sido positivo. Ele espera que no próximo ano mais alunos se inscrevam que e a turma fique cada vez maior. As inscrições começam a partir de fevereiro e é feita na própria igreja.

Se interessou? Conheça o projeto e inscreva-se na próxima turma!
Quadrangular Monte Líbano – R: Caieiras, 548


terça-feira, 25 de novembro de 2014

Vivendo de música: 15 anos lecionando “o sol que faltava” às pessoas

Professor dá aulas há 15 anos (Foto e texto: Joel Horácio)
Vinícius Henrique Ferreira, 32, dá aulas desde os 17. A música é uma paixão que descobriu cedo, aos 10, e logo começou a estudar. Teve como seu primeiro instrumento o violão clássico, cursando aulas promovidas gratuitamente pela prefeitura de Piracicaba, com duração de dois anos. Após o período, Vinícius ingressou em uma escola particular para continuar com o violão: foi aí que conheceu o violoncelo. Estudou os dois juntos, inicialmente fazendo gratuitamente aula de violoncelo com uma conhecida.

Tempos depois, conseguiu uma bolsa de estudos em uma escola de música piracicabana e seguidamente conseguiu entrar no Conservatório de Tatuí. Além disso, estudou composição na Unicamp (Campinas) e concluiu o curso de licenciatura na área na mesma instituição.

“Quando eu era moleque, tive a ideia de divulgar nos condomínios e prédios da cidade minhas aulas a preço acessível e aí formei turmas, as quais tinham aula comigo nos salões dos próprios condomínios”, comenta o professor. Atualmente Vinícius Ferreira ministra aulas em dois projetos da prefeitura de Limeira: a Escola Livre de Música e no centro comunitário Morro Branco. Também é professor na escola de música Villa Jazz e dá aulas particulares.

Em se tratando de ex-alunos, o experiente professor conta que houve vários que tiveram melhora na postura e no pensamento não só na música, mas para a vida. “Tive alunos que mal sabiam ler quando entraram no [projeto] Guri. Hoje prestam vestibulares, ganham bolsas, entram em Tatuí, Unicamp. É um trabalho que ia muito além da música. Estimulávamos a leitura e o estudo. Diria que 50% dos alunos que entraram lá tiveram uma grande mudança de mentalidade. Também tenho ex-alunos que tocam profissionalmente, que já montaram suas bandas para tocar em casamentos, ganhar seu dinheiro”, finaliza.

sábado, 8 de novembro de 2014

Música mudando vidas.


Ah, a música! Quem não gosta de música? Seja qual for o estilo, sertanejo, pop, clássica, rock, pagode, axé, mpb....todo mundo gosta de um desses estilos, ou de mais de um. A música tem poder de aproximar pessoas, de unir diferentes classes e porque não dizer que a música pode mudar vidas?


 “Era Sol O Que Me Faltava” é uma iniciativa dos alunos: Andressa Rosa, Joel Felipe, Thiago Peres e Vanessa Zumstein, estudantes do 4º semestre de Jornalismo da Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), orientados pelo Professor Paulo Roberto Botão. Aqui serão expostas matérias e vídeos com o intuito de mostrar que a música pode ser usada como objeto para promoção da cidadania e da inclusão social, mostrando pessoas que tiveram suas vidas transformadas pela música, seja ela qual for.